Relato de uma treta

Quem me conhece sabe que eu sou do tipo de pessoa que faz de tudo para evitar uma situação assim mas, infelizmente, às vezes a gente não consegue escapar.

Eu não entendo exatamente o que o cara tem contra mim, mas eu também não vou com a cara dele. Chato pra caralho, até aí ok. Mas ontem eu tava muito na minha e o bicho resolveu ficar na minha orelha. E ficou, e ficou, e ficou tanto que até um cara de paciência como eu perdi a linha, levantei de onde eu estava e falei:
– Então firmão, mermão, vamos resolver isso eu e você já.

Nossa, o cara ficou louco. Já começou a gingar para um lado e para o outro, e eu já pensei “fudeu, mas vou pra cima”. Tentei dar o primeiro golpe e ele desviou, segundo também, depois usou uma mesa para se distanciar e mim e quando eu fui dar a volta… aparece um amigo dele, do nada, e me acerta!

Nessa hora, maluco, eu fiquei possuído. “Vai ser assim então, cuzão? Beleza, então vou equilibrar para lidar com vocês dois!”

Peguei um bastão e a raiva era tanta que já acertei o amigo de primeira, num golpe certeiro, e ele já caiu no canto e nem levantou mais. Larguei o bastão e voltei pro outro:
– Você vai ser na mão.

Fui pra cima com tudo. Eu tava muito puto. Tentei por um lado, tentei pelo outro. Ele ficou com medo e começou a fugir, se esconder. Uma hora eu finalmente acertei uma nele, ele deu uma cambaleada e escorou perto da porta. “Isso acaba agora!”, foi o que gritei antes de pegar a palma da mão e, com todas as minhas forças, esmagar a cara dele sobre a tinta branca da parede.

Respirei fundo, olhando o sangue em minha mão. Mas eu queria mais. Falei: “Quer saber? Acho que ainda não terminei com você”.

Dei dois passos até o outro canto, onde o amigo estava caído. Olhei para o corpo dele, que ainda agonizava. Peguei ele entre o polegar e o indicador e soltei sobre a raquete elétrica na qual ele estralou seguidamente em faíscas.

“Queima, pernilongo filho da puta”.