Poesia encomendada

Em busca da poesia
Que você me encomendou
Afastei-me do calor eletrônico
E o frescor da lapiseira me aliviou a mão
Enxuguei-a de leve no estofado
Pés descalços
Olhar distante
O que caralho você quer que eu escreva?
A escala é infinita
E eu preciso achar o tom
Encontrar a poesia
Quando é ela que nos encontra
Quer que eu crie uma poesia
Capaz de encontrar você
Que você julgue aprovada
Mas poesia não se aprova
Poesia apenas se sente
Pelo bem, ou pelo mal
Ela toca ou não toca
E se te encontra em outro dia
Talvez não fale do mesmo assunto
É errado encomendar poesia
Algo que traduza os sentimentos
Que só você conhece
Poesia é encontro
Jamais encomenda
Irá você achá-la?
Não se eu esconder bem
Dentro de mim, que é de onde ela vem
Então se não mergulha em mim
Não venha me dizer
Que eu não tenho poesia
(Eu só nem sempre estou à venda).
Dylan2